Um post publicado na rede X (antiga Twitter) por Bruno Filardi, de Ribeirão Preto, Brasil, tem gerado debates sobre a distribuição e herdabilidade do cancro. As afirmações feitas, como “20% dos cancros avançados estão em 2% das pessoas” e “50% dos casos de cancro são herdados”, suscitaram reações nas redes sociais e questionamentos da comunidade científica.
No dia 1 de setembro de 2023, Bruno Filardi, que conta com 63.900 seguidores na rede social X, publicou um tweet que rapidamente ganhou visibilidade. Com 39 comentários, 54 reposts, 1.000 gostos e 145.000 visualizações até dezembro de 2024, o post abordou estatísticas alarmantes sobre o cancro. Segundo o autor, 20% dos casos avançados de cancro estariam concentrados em apenas 2% da população, enquanto 50% de todos os diagnósticos seriam hereditários.
Apesar da popularidade, as afirmações levantaram dúvidas entre especialistas. Uma análise detalhada de organizações científicas, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Instituto Nacional do Cancro (INCA), não corrobora diretamente esses números. “Embora existam mutações genéticas que aumentam significativamente o risco de cancro em alguns indivíduos, a concentração de casos avançados em 2% da população não é um dado amplamente confirmado”, explica um especialista consultado.
A herdabilidade de certos cancros, como o da mama e o colorretal, é bem documentada. Contudo, afirmar que metade dos casos de cancro são herdados é considerado uma simplificação. Estudos indicam que entre 5% e 10% dos casos resultam de mutações hereditárias específicas, como BRCA1/2, conforme apontado pelo Instituto Português de Oncologia (IPO).
Filardi também destacou que os métodos de rastreio universal podem ser ineficazes. “Fazer screening do mesmo jeito para toda a população não faz sentido”, disse no post. Especialistas concordam parcialmente com esta observação, sublinhando que estratégias de rastreio personalizadas podem ser mais eficazes. “O rastreio direcionado para indivíduos com alto risco genético pode salvar vidas, reduzindo significativamente a mortalidade nesses grupos”, afirma um estudo do HCCP Journal.
Embora o tweet tenha mérito ao levantar questões importantes sobre genética e rastreio, a apresentação
estatísticas carece de nuance e fontes específicas. Especialistas recomendam cautela na interpretação de dados simplificados, sublinhando a importância de consultar fontes científicas confiáveis.
Resultado: Lesão Benígna.
Comments